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Notas de Programa

 

Evangelho de São Marcos - final, cópia em pergaminho do século VA Paixão de Cristo é destaque na liturgia da Semana Santa, sendo a principal leitura desta Paixão realizada na sexta-feira santa, precedendo a ressurreição, na vigília no sábado santo. A Paixão de Cristo está narrada nos quatro evangelhos.

Evangelho é uma palavra grega que significa: boa nova.

Dentre os quatro evangelistas, o texto primitivo do evangelho de São Marcos, em grego, é apontado pelos estudiosos como o mais antigo, servindo - possivelmente - de fonte para os outros narradores.

Em São Marcos, o mais curto dos evangelhos, encontramos a imagem mais humana de Jesus; são estas inquietações que nos aproximam do Cristo. Crê-se que, o personagem que aparece envolto em um túnica no Monte das Oliveiras e que foge nu, seja o próprio evangelista.

 

Os evangelistas geralmente são representados junto às figuras aladas de quatro seres, que aparecem no antigo testamento e foram, por motivos diversos, associadas aos evangelistas. Esta relação, inicialmente diversa, consolidou-se assim:

símbolo de São Lucas no púlpito da Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora (São Paulo)

 

São Mateus - homem

São João - águia

São Lucas - boi

São Marcos - leão

 

Os próprios animais simbolizam os evangelistas. O leão, ligado a São Marcos, também representa a República de Veneza, que necessitando de um 'status divino' ao transformar-se numa potência marítima, apropriou-se das relíquias do evangelista. O leão é o símbolo de Veneza, do Doge e até do prêmio do festival de cinema de Veneza: o Leão de Ouro.

 

Para preparar a maior festa da cristandade - a Páscoa da Ressurreição - foi criado um período penitencial de quarenta dias, conhecido como quaresma. Como neste período eram proibidos e/ou evitados jogos, banquetes, festas, teatro, óperas etc., aproveitava-se antes do início da quaresma (quarta-feira de cinzas) para uma grande festa, conhecida como carnaval. O carnaval também se tornou móvel no calendário, pois é calculado a partir da Páscoa, que para os cristãos é o primeiro domingo após a lua cheia seguinte ao solstício de inverno no hemisfério norte.

 

 

leão - símbolo de São Marcos

 

Reinhard Keiser (1674-1739), nome equivalente a Renato César, aprendeu órgão com o pai e estudou com Johann Schelle e Johann Kuhnau, enquanto aluno na Igreja de São Tomás em Leipzig. Trabalhou na corte de Braunschweig e Schwerin, consolidando-se como figura principal da ópera alemã, como compositor, produtor e encenador.

Esta distinção o levou para inúmeras cidades e também para a Dinamarca, onde recebeu o título honorário de compositor real. Keiser escreveu mais de 130 óperas, e influenciou Handel, que tocou em várias de suas produções. Com o posto de Kapellmeister em Hamburgo, concentrou-se na composição de música sacra: paixões, oratórios, cantatas, salmos e motetos.

Sua Paixão segundo São Marcos foi escrita em Hamburgo, entre 1717 e 1720. Johann Sebastian Bach apresentou esta paixão pelo menos três vezes, escrevendo para isso uma adaptação, que fez parte de seu espólio para o filho Carl Philipp. Não conhecemos o original de Keiser, mas apenas duas cópias, uma delas o manuscrito de Bach. Nas duas fontes temos a informação de que várias linhas (instrumentais e vocais) são da lavra de Bach. Esta paixão molda em Bach as suas próprias paixões.

 

Paixão segundo São Marcos de keiser, manuscrito de Bach - contínuo

 

São 14 coros e 10 arias, intercaladas pelos recitativos. Na cópia de Bach, o contínuo foi reescrito um tom abaixo, pois o órgão da Igreja de São Tomás era transpositor, soando um tom acima do que se tocava em seu teclado. A formação é para solistas, coro e orquestra (violinos I, violinos II, violas I, violas II e contínuo). A linha de viola II foi escrita em clave de Do na terceira linha, indicando que possivelmente uma gamba poderia ser usada. Há apenas um oboé obbligato para uma aria, e o oboé acompanha, como costume da época, a linha de soprano nos outros números.

Bach conheceu Keiser quando passou por Hamburgo em direção a Lübeck por volta de 1706, e na ocasião ouviu algumas óperas de Keiser. A admiração de Bach pelo Kapellmeister de Hamburgo é bem conhecida, principalmente pelas cópias que o jovem Bach fez das obras sacras de Keiser, e da apresentação da Brockes Passion em Leipzig. Há indícios de que aproveitou, em suas obras, recursos da orquestração de Keiser, que era conhecido como um grande "colorista", um mestre no uso dos instrumentos e suas características expressivas.

O texto usado é a tradução para o alemão, realizada por Martinho Lutero em 1545. Os textos adicionais das arias, coros e corais não estão no evangelho e servem de reflexão ao texto narrado. Esta Paixão está dividida em duas partes, não tanto pela forma, mas pela necessidade de permitir um momento para o sermão do pastor. Para retornar ao texto do evangelista, há uma sinfonia de abertura na segunda parte.

Para esta apresentação, estréia brasileira, o evangelista será cantado pelo tenor brasileiro radicado na Suíça, Daniel Issa.

 

 

TEXTO e TRADUÇÃO

(clique)

 

Agradecimentos

Porto Seguro
    Ismael Caetano
    Adriana Carvalho

 

Melhoramentos
    Sérgio Sesiki
    Eleni Cervera

 

Salesianos
    Pe. Ailton dos Santos
    Pe. Lecy Gomes da Costa
    Sandra Spada

 

Franciscanos
    Frei Sílvio Tadeu Mascarenhas
    Frei Anacleto Luiz Gapski
 

Revista Concerto
    Nelson Kunze
 

{lab·ssj}

 

Igreja Luterana

 

Catedral Evangélica de São Paulo

 

Lucia Carpena

 

Regina Schlochauer

 

Marcelo Queiroz

 

Luís Fernando Carbonari
 

 

 

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